quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Medo

Quando o povo de Israel saiu do Egito, ainda tinha marcas profundas dessa terrível experiência passada na terra opressora. O tempo da escravidão trouxe muita insegurança/medo, pois era evidente a fragilidade do povo diante dos poderes e gigantes que os dominavam. A autoestima tinha sido destruída, a confiança despedaçada, a incerteza cresceu num tanto que fez sombra em tudo o que passaram a ver na caminhada. No episódio do envio dos 12 espias (Números 13), somente dois tiveram a confiança que Deus os livraria de todas as barreiras (versículo 30). Os outros 10 afirmaram que o povo daquela terra era mais forte do que nós (versículo 31), aos nossos próprios olhos nos sentíamos tão pequenos! A formação do medo em nossos corações aconteceu para muito além de nossas histórias pessoais. É fácil perceber que, desde crianças, temos muitos medos diferentes: medo de perder a mãe (ansiedade de separação), medo do desconhecido (angústia do estranho), medo de um objeto deixar de existir (permanência do objeto), medo de animais, medo de ruídos, do escuro, dos monstros, fantasmas, ladrões, dentre uma lista interminável. Pela Bíblia, o medo entrou no coração da humanidade logo após o ato de desobediência, quando Adão e Eva esconderam-se por medo (Gênesis 3.10). De fato, o pecado trouxe terríveis distorções em nossa capacidade de crer e descansar em Deus pelo simples fato de termos nos tornado indignos de confiança. A afetação da alma distorceu nossa visão de confiança no Senhor, nossa capacidade de ter esperança, causando desesperança, ou melhor, desespero. Assim é como os 10 espias estavam, em profundo desespero.



A sustentação do medo passou a ser multiplicada pela influência da sociedade, pois o povo começou a reclamar (versículo 30), e também pela influência da mídia, pois espalharam notícias falsas (versículo 32). Criou-se um verdadeiro clima de pânico, levando todo o povo a crer que estavam destinados à morte. Cairiam novamente nas garras de um novo tirano. Perderiam seus sonhos, bens, família, liberdade. O medo é multiplicado pelos comentários sem fim. Pais ministram insegurança a seus filhos. Líderes apavorados provocam reações descontroladas nos liderados. A conta foi covarde: dez pessoas espalhando desconfiança contra dois tentando transmitir segurança. O terror se instala. Daí por diante é só choro, angústia e grande perturbação.
A libertação do medo veio somente sobre as vidas de Josué e Calebe porque não se concentraram como eram aos seus próprios olhos ou aos olhos do inimigo. Fixaram sua atenção no que eram aos olhos de Deus. Não precisaram se sentir pequenos: eles eram pequenos! Mas tinham um grande Deus que tinha feito a firme promessa de que daria a terra prometida. Isso bastou para seus corações se encherem de confiança.
O medo é saudável até o ponto de nos manter alertas e defensivos. Mas quando o medo nos domina, torna-se cruel. Ele paralisa, gera angústia, rouba o sono, tira a paz, traz transtornos de ansiedade, produz pânico, leva ao terror, provoca aversão ou conduz à hostilidade. De fato vivemos uma sociedade com muito medo. Alguns estudiosos já catalogaram mais de 400 diferentes tipos de fobias. Na Bíblia, a palavra medo aparece 563 vezes e terror aparece 116 vezes, indicando que o assunto não é um problema dos dias de hoje, mas que sempre esteve presente na história da natureza humana.
Onde há medo não há confiança, segurança, alegria, fé. Pela Bíblia, não precisamos temer a morte (Salmo 23.4), nem pessoas (Salmo 27.1; 56.4, 11), nem sequer más notícias (Salmo 112.7), pois se o Senhor é por nós, quem será contra nós? (Romanos 8.31) Mas o que verdadeiramente lança fora o medo de nossos corações é conhecer o perfeito amor de Jesus (1 João 4.18). Para arrancar o medo de dentro de nossos corações precisamos perceber o grande amor de Cristo. Isso nos basta!
Qual é o seu medo? O que tira seu sono? Para você o Senhor diz: não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel (Isaías 41.10). Ele está presente. Ele é nosso Deus. Ele faz coisas poderosas a nosso favor. Por isso podemos dizer: nada temerei!
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