sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

COMO MUDAR O QUE MAIS IRRITA NO CASAMENTO

As pessoas que desejam ver mudanças no cônjuge sempre começam da maneira errada. Um jovem chamado Robert é um exemplo clássico. Mal entrou em meu consultório e foi logo me dizendo que a esposa, Sheila, havia se recusado a acompanhá-lo.
— O que está acontecendo? — perguntei.
— Em primeiro lugar, minha esposa é terrivelmente desorganizada. Ela passa metade do dia procurando a chave do carro. Nunca sabe onde encontrar suas coisas, porque não se lembra onde as deixou. Não é um caso de Alzheimer — ela só tem 35 anos. É um problema de desorganização. Já tentei ajudá-la, mas ela não aceita nenhuma sugestão minha. Diz que estou querendo controlá-la. Mas não é isso. Só quero facilitar a vida dela. Se ela se organizasse melhor, com certeza minha vida também seria mais fácil. Perco um bocado de tempo ajudando-a a procurar coisas que ela perdeu.
Fiz algumas anotações enquanto Robert falava e, quando ele terminou, perguntei:
— Alguma outra área problemática?
— Dinheiro. Eu tenho um bom emprego e ganho o suficiente para vivermos tranqüilos, mas Sheila gasta além da conta. Ela nunca pesquisa preços, nunca pede descontos nem sabe aguardar as liquidações. Buscamos um consultor financeiro, mas ela não segue as orientações dele. Agora temos uma dívida de 5 mil dólares de cartão de crédito, e, mesmo assim, ela não pára de gastar.
Quando ele fez uma pausa, perguntei novamente.
— Há alguma outra coisa incomodando você?
— Na verdade, há sim. Ela também não se interessa por sexo. Parece até que poderia viver sem isso. Se não tomo a iniciativa, nunca acontece nada. E, mesmo quando eu a procuro, muitas vezes ela me rejeita. Eu imaginava que o sexo fosse uma parte importante do casamento, mas, pelo jeito, ela não pensa como eu.
No decorrer da sessão, Robert falou de mais algumas frustrações decorrentes do comportamento da esposa. Comentou que havia se esforçado de todas as formas possíveis para fazê-la mudar, mas com pouquíssimo ou nenhum resultado. Estava pronto para desistir de tudo. Havia me procurado porque tinha lido meus livros e pensou que, talvez, se eu telefonasse para a esposa dele e nós conversássemos, eu poderia convencê-la a mudar em algumas coisas. No entanto, minha experiência me diz que, se Sheila viesse a meu consultório, contaria uma versão diferente da história. Ela me falaria dos problemas dela com Robert, de como, em vez de ser compreensivo, o marido era exigente e ríspido. Talvez dissesse:
“Se Robert fosse um pouco mais gentil e romântico, eu me interessaria por sexo”. E comentaria: “Pelo menos uma vez na vida, gostaria de ouvir um elogio sobre uma compra que fiz, e não mais palavras de reprovação por gastar tanto”. Em resumo, sua perspectiva seria: “Se Robert mudasse, eu também mudaria”.
Existe alguma esperança para Robert e Sheila? Eles podem conseguir as mudanças que desejam ver um no outro? Creio que sim, mas, em primeiro lugar, precisam mudar radicalmente a abordagem. Estão começando da maneira errada.
Sabedoria antiga
Em meu trabalho como conselheiro, descobri que a maioria dos princípios de relacionamento verdadeiramente eficazes não são novos. Muitos podem ser encontrados na literatura da Antiguidade e resgatados do esquecimento. O princípio de começar da maneira certa, por exemplo, pode ser encontrado numa lição de Jesus, conhecida como Sermão do Monte. Farei uma paráfrase da citação de modo a aplicar o princípio diretamente ao relacionamento conjugal: “Marido, por que você repara no cisco que está no olho da sua esposa, mas não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Ou, esposa, como você pode dizer ao marido: `Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, então você verá claramente para remover o cisco do olho do seu marido”.1
O princípio é claro: você precisa começar com a viga em seu próprio olho. Observe com atenção que Jesus não diz: “Não há nada de errado com seu cônjuge. Pare de pegar no pé dele”. Na verdade, ele sugere a existência de um problema com o outro quando diz: “Quando você tiver tirado a viga do próprio olho, poderá ver mais claramente e remover o cisco do olho do cônjuge”.
Todo mundo precisa mudar em alguma coisa. Não existem cônjuges perfeitos — apesar de eu ter ouvido a história de um pastor que perguntou: “Alguém aqui conhece um marido perfeito?”. Um homem no fundo da igreja levantou a mão sem hesitar e respondeu: “O primeiro marido de minha esposa”. Assim, se existem maridos perfeitos, todos eles já morreram. Nunca encontrei um marido que não precisasse mudar. Também ainda estou para conhecer a esposa perfeita.
Na maioria das vezes, as pessoas não conseguem as mudanças desejadas porque não começam da maneira correta. Concentram-se nos defeitos do outro antes de tratarem das próprias fraquezas. Vêem um cisco no olho do cônjuge e tentam removê-lo lançando uma sugestão. Quando isso não funciona, pedem abertamente uma mudança. Quando essa abordagem encontra resistência, exigem a mudança em tom de ameaça. Por fim, partem para a intimidação e manipulação. Mesmo quando conseguem algum resultado, ele ocorre à custa de um ressentimento profundo da parte do cônjuge. Não é esse tipo de mudança que a maioria das pessoas quer. Assim, se você deseja, de fato, ver seu cônjuge mudar, precisa começar tratando dos próprios defeitos.
Como remover a viga de seu olho
A maioria de nós não foi ensinada a pensar que a primeira coisa a fazer é tratar de nossos erros. É mais fácil dizer: “Se meu cônjuge não fosse assim, eu não seria como sou”; “se meu cônjuge não fizesse isso, eu não faria aquilo”; “se meu cônjuge mudasse, eu mudaria”. Casamentos são construídos com base nessa idéia. Nas palavras de uma esposa: “Se meu marido me tratasse com respeito, eu conseguiria ser carinhosa; mas quando ele age como se eu fosse escrava, tenho vontade de desaparecer”. Para dizer a verdade, entendo essa esposa; no entanto, graças à abordagem de “esperar que meu cônjuge mude” milhares de casais chegam a um estado de desespero emocional tão grande que acabam optando pelo divórcio quando um dos cônjuges conclui: “Ele (ou ela) não vai mudar nunca; assim, é melhor eu cair fora”.
Se formos honestos conosco, teremos de admitir que simplesmente esperar não funciona. As poucas mudanças ocorridas são resultantes de manipulação — pressão física ou emocional externa exercida com o objetivo de obrigar o cônjuge a mudar. Infelizmente, a manipulação cria ressentimento, e, depois da mudança, o casamento fica pior do que antes. Se você está passando por isso, como eu passei nos primeiros anos de meu casamento, espero que esteja aberto para outra abordagem, uma forma eficaz de lidar com a situação sem gerar ressentimento.
Não será fácil aprender a lidar primeiro com os próprios erros. Se eu lhe desse uma folha de papel, como costumo fazer com as pessoas que me procuram para aconselhamento, e quinze minutos para anotar as mudanças que gostaria de ver em seu cônjuge, provavelmente a lista seria longa. No entanto, se eu
lhe desse outra folha de papel e mais quinze minutos para fazer uma lista dos próprios defeitos — aquilo que você precisa mudar na maneira de tratar seu cônjuge —, sua lista provavelmente seria curta.
As listas típicas dos maridos relacionam vinte coisas erradas com a esposa e apenas quatro com eles mesmos. As listas das esposas não são muito diferentes. Uma esposa mostrou-me uma lista com dezessete itens de que não gostava no marido e uma folha em branco para as próprias deficiências e comentou: “Pode parecer absurdo, mas não consigo pensar em nada que eu esteja fazendo de errado”.
Fiquei sem palavras. Nunca havia visto uma mulher perfeita. Pensei em chamar minha secretária e pedir para ela trazer a máquina fotográfica e tirar uma foto daquela senhora.
Depois de uns trinta segundos de silêncio, ela falou:
— Eu sei o que ele diria.
— O quê? — perguntei.
— Ele diria que preciso mudar na área sexual. Fora isso, não consigo me lembrar de mais nada.
Fiquei calado, mas pensei comigo mesmo: A senhora pode achar pouco, mas já é uma questão séria…
Não é fácil tirar a viga do próprio olho, mas deixe-me sugerir três passos que o ajudarão a fazê-lo.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Igreja e sexualidade: vamos discutir a relação?

Sexualidade e igreja é mais que um assunto particular. É um tema que diz respeito à vida coletiva e que influencia e é influenciado pelas relações que estabelecemos com as outras pessoas.

A igreja, assim como a família e a escola, é um espaço importante de formação e fortalecimento de convicções, valores e responsabilidades, inclusive na área da sexualidade. Porém, ela tem estado tão obcecada com a ideia de que sexo é pecado que tudo que diz respeito à sexualidade não encontra espaço.

Uma pesquisa realizada pela revista Lar Cristão com 5 mil jovens cristãos traz um dado curioso e preocupante: 52% deles mantêm relações sexuais antes do casamento.1 Apesar de as igrejas se empenharem em ensinar o que é “certo” e “errado”, a pressão dos valores seculares tem vencido a batalha. Porém, por que isso acontece? Ou como podemos reverter essa situação?

Em Isaías 5.13 lemos: “Portanto, o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres terão fome, e sua multidão se secará de sede”.

É tempo de aceitar que os jovens cristãos estão sendo “levados cativos” por falta de entendimento. Estão com fome e morrendo de sede. Não que devamos desacreditar os valores cristãos ou o que Deus quer para a nossa sexualidade, mas é importante que a igreja amplie o raio de visão sobre as pessoas e sobre a sexualidade -- que é muito mais que sexo.

Os jovens precisam considerar a sexualidade como parte de sua identidade, expressada nas relações com as outras pessoas, que são relações de prazer. É plano de Deus que os jovens desenvolvam a sexualidade estabelecendo relações saudáveis com a família e os amigos, por exemplo.

Às vezes, parece que a igreja é “caça-fantasmas”, tão preocupada com a alma que desconsidera o corpo e os sentimentos que fluem dele. Ela tem um ambiente seguro para ouvir que temos desejos homossexuais, nos acolhendo e apoiando, sem discriminação? Ou um ambiente favorável para conhecer nossos desejos e desafios ligados a masturbação, pornografia, perda de virgindade, aborto?

Que haja na igreja um espaço aberto para que os jovens, seus pais e líderes possam compartilhar o que estão sentindo, as dúvidas e os desejos, e ser fortalecidos e acompanhados segundo os valores cristãos, sem discriminação.

Nesse espaço de discussão, tirariam a sexualidade do privado e pecaminoso e a colocariam como uma dádiva de Deus (Gn 1.31), um assunto de interesse de todos e de ajuda mútua (Tg 5.16), discutindo-a nos conflitos do dia-a-dia (Rm 12.1).

Se a igreja quiser resgatar e proteger os jovens do cativeiro, precisa trabalhar de forma aberta e relacional, carregando cargas, discutindo a Bíblia e ouvindo. Só assim poderá minimizar os danos provocados pela pressão social e prevenir que os jovens pereçam na defesa de valores.

É hora de a igreja e a sexualidade “discutirem esta relação” tão fragilizada, para que vivamos uma vida plena (Jo 10.10).

Nota
1. www.eventogospel.com.br
• Vânia Quintão Fernandes é assistente social no Exército de Salvação, onde desenvolve grupos de discussão sobre sexualidade e coordena o projeto Portas Abertas, com profissionais do sexo.vania.quintao@gmail.com

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O Mito do Sexo Seguro

Tomo emprestado o título do livro "O Mito do Sexo Seguro", dos autores John Ankerberg e John Weldon, para falar sobre uma enganação aceita por muitos como a solução de todos os problemas.
É consenso para todos que a prática sexual "sem compromisso" traz consigo vários riscos tais como, doenças venéreas, gravidez indesejada principalmente na adolescência, gravidez numa relação extraconjugal e outras. Tendo isto em mente, prega-se que a solução para viver a vida sexual descompromissada sem riscos, é o simples uso do preservativo, a popular camisinha.


Então, vemos o governo e entidades não governamentais distribuindo este "santo contra todos os riscos do sexo" aos foliões carnavalescos, aos pré-adolescentes, adolescentes e jovens, aos participantes da parada gay, apregoando assim a mensagem: façam sexo, qualquer que seja sua idade, se casado ou solteiro, com pessoa do mesmo sexo ou do sexo oposto, vivam a promiscuidade, mas não esqueça de usar camisinha!!
Este recurso da educação sexual acaba servindo para promover ainda mais a iniciação sexual precoce de crianças, pré-adolescentes e adolescentes, bem como todo tipo de atividade sexual promiscua. Quanto maior liberdade sexual, maior número de doenças, gravidez indesejada e outros males acometem a sociedade como um todo.
O que as pessoas deveriam entender é que o projeto de Deus para o ser humano em relação a sua sexualidade, é que esta seja prazeirosamente desfrutada no contexto de um compromisso entre um homem e uma mulher no casamento.
O casamento é a união de um casal, "por isso deixa o homem pai e mãe e une-se a sua mulher tornando-se os dois uma só carne".
Embora a maior parte da sociedade jamais se curve ao projeto de Deus, não há dúvida de que o único método para o sexo seguro é uma relação de fidelidade no casamento. Uma relação de fidelidade no casamento está 100% protegida de qualquer doença e qualquer outra consequência do sexo sem compromisso.
Então, sexo seguro fora de um casamento fiel, mesmo usando camisinha é um MITO.
Evanderson VI AQUIReflexões Hoje

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Unidade do Casal

Muitos casais cristãos estão vivendo hoje fora daquilo que Deus idealizou. Brigas constantes, desrespeito mútuo e distância entre o casal, são vistos em muitos lares. E além da infelicidade que isto produz em seus corações, ainda há a questão do mal testemunho dado.
Penso que este é um assunto que merece nossa atenção, pois o princípio de viver em unidade é algo que não apenas produzirá maior realização emocional no relacionamento, como também liberará sobre o casal as bênçãos de Deus.

Compreendendo a unidade

É importante que consigamos visualizar o que a unidade do casal pode produzir em suas vidas, e então seremos desafiados a preservá-la. Também entenderemos porque o diabo, o adversário de nossas almas, luta tanto contra ela. Jesus nos ensinou que a unidade e concordância permite Deus agir em nossas vidas:
“Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.
(Mateus 18:19,20)
Por outro lado, a falta de unidade impede Deus de agir. A palavra de Deus nos mostra de modo bem claro que quando o marido “briga” com sua mulher, algo acontece também na dimensão espiritual:
“Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações”.
(I Pedro 3:7)
Ao deixar de honrar a mulher como vaso mais frágil e maltratá-la (ainda que só verbalmente), o marido está trazendo um sério problema sobre a vida espiritual do casal. A Bíblia diz que as orações serão impedidas.
É lógico que isto também vale para a mulher, embora quem mais facilmente tropece nisto sejam os homens. O texto bíblico revela que depois de desonrar a mulher na condição de vaso mais frágil (com asperezas), o homem, mesmo que clame ao Senhor, terá sua oração impedida, pois um princípio foi violado.
Deus não age em um ambiente de desarmonia e discordância. Isto é um fato. Quando tentaram construir a torre de Babel, as Escrituras dizem que Deus desceu para ver o que os homens faziam.
E Deus mesmo, ao vê-los trabalhando em harmonia e concordância de propósito declarou:
“Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.”
(Gn.11:6,7)
O que vemos aqui é que a unidade remove limites. Quando o casal se torna um e fala uma só língua (sem discordância) eles removem os limites diante de si! Deus pode agir livremente num ambiente destes, mas basta perder a capacidade de falar a mesma língua que tudo se perde!
No reino de Deus, quando dois se unem, o efeito não é de soma, mas de multiplicação. Moisés cantou acerca do exército de Israel: um deles faria fugir a mil de seus inimigos, mas dois deles faria fugir dez mil! (Dt.32:30).
A unidade ainda traz consigo outras virtudes. Podemos ver isto numa das figuras bíblicas do Tabernáculo. O propiciatório da arca da aliança figura este princípio. O Senhor disse que ali Ele viria para falar com Moisés.
O propiciatório (ou tampa da arca) era o lugar onde a glória e a presença de divina se manifestava. E nas instruções para a confecção desta peça, vemos o simbolismo da unidade. Deus disse que os dois querubins deveriam ser uma só peça de ouro batido; com isto falava simbolicamente de unidade entre seus adoradores (Ex.25:17-19).
Os querubins deviam estar com as asas estendidas um para o outro (Ex.25:20), o que fala de cobertura recíproca. A falta de unidade nos leva a agir com o espírito de Caim que disse ao Senhor: “Acaso sou eu guardador de meu irmão?” (Gn.4:9)
Mas quando estamos em unidade com alguém, cobrimos e protegemos esta pessoa! Esta é uma virtude que acompanha a unidade.
A outra, é a transparência. Os querubins deveriam estar um de frente para o outro(Ex.25:20). Isto fala alegoricamente de poder encarar outro adorador “olho no olho”. Fala de não ter nada escondido, de não ter pendências. Ninguém consegue olhar (espontaneamente) no olho de outra pessoa quando as coisas não estão bem.
Quando Jacó fala para sua família que as coisas já não estavam bem entre ele e Labão, seu sogro, a expressão que ele usa é: “vejo que o semblante de vosso pai já não é mais o mesmo para comigo”. (Gn.31:5)
Jesus disse que os olhos são a candeia do corpo. Eles refletem o que está dentro de nós. E a unidade é a capacidade de olhar olho no olho e estar bem. Particularmente, eu não posso concordar com casais que escondem coisas um do outro, seja no que diz respeito à sua vida passada (erros e pecados) ou presente (como nas questões financeiras, por exemplo).
Acredito que a unidade verdadeira exige que haja remoção ou acerto de “pendências”(Pv.28:13).
Ás vezes fingimos um comportamento só para agradar (ou não desagradar) ao outro, o que diverge do ensino bíblico. Este teatro não produzirá unidade verdadeira. Temos que aprender a ser francos, como está escrito: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto” (Pv.27:5).
Paulo censurou este tipo de comportamento dúbio quando escreveu aos gálatas. Ele falou sobre como o apóstolo Pedro em certa ocasião agiu assim para ser “diplomático” e que esta atitude conseguiu atrair até mesmo o prórprio Barnabé, companheiro de Paulo, e ele os censurou publicamente (Gl.2:11-14).
Contudo, quero ressaltar que ser franco não significa ser grosseiro, pois a Bíblia nos ensina a falar a verdade em amor. O conselho dado a Timóteo na hora de corrigir os que opunham, foi o de usar de mansidão (II Tm.2:25). A unidade manifesta a verdade (dolorosa às vezes) de forma bem mansa.

O princípio do acordo

A Bíblia nos ensina também que o acordo é indispensável num relacionamento:
“Como andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós 3:3)
A ausência de acordo é uma porta aberta para o diabo. Quando Paulo escreveu aos efésios e falou sobre não dar lugar ao diabo, o fez dentro de um contexto, que é o de pecados que acontecem nos relacionamentos:
“Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo.” (Efésios 4:26,27)
Tiago escreveu sobre o mesmo princípio. Ele disse:
“Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de cousas ruins.” (Tiago 3:16)
Já mencionamos anteriormente que o acordo é uma porta aberta para ação de Deus(Mt.18:19). Mas quando chegamos ao ponto de dissipa-lo de nosso relacionamento, estamos comprometendo não só a qualidade da satisfação na esfera emocional, mas também a esfera espiritual de nosso lar. Não é fácil ajustar-se satisfatoriamente na relação conjugal.
As diferenças são muitas; na formação de cada um, na personalidade, temperamento, e acrescente a isto as diferenças entre homem e mulher. Contudo, quando aprendemos a ter como denominador comum o caráter e os ensinos de Cristo, então conseguimos o ajuste por meio de ceder, perdoar, recomeçar, etc.
Mesmo um casal que parecia perfeitamente ajustado em seu período de namoro e noivado descobrirá a necessidade de mais ajustes à medida que os anos de casamento vão passando. Não é uma tarefa tão fácil, mas não é impossível!
Se não estivesse ao nosso alcance, Deus estaria sendo injusto ao cobrar isto de nós… mas o fato é que não só é algo possível, como também é uma chave poderosa na vida cristã!

O casal deve decidir junto

Há uma ordem de governo e autoridade estabelecida por Deus no lar. O marido é chamado o cabeça (Ef.5:22-24), e entendemos que como tal tem direito à palavra final. Porém, isto não quer dizer que o homem esteja sempre certo ou que não deva ouvir sua mulher.
Encontramos no Velho Testamento uma ocasião em que o próprio Senhor diz a Abraão, seu servo: “Ouve Sara, tua mulher, em tudo o que ela te disser” (Gn.21:12). No Novo Testamento vemos Pôncio Pilatos desprezando o conselho de sua mulher e se dando mal com isto (Mt.27:19).
Precisamos considerar ainda que ser líder não significa ser autoritário. Quando o apóstolo Pedro escreveu aos presbíteros (que compõem o governo da Igreja Local), disse em sua epístola que eles não deveriam ser “dominadores do povo” (I Pe.5:3).
Isto mostra que autoridade e autoritarismo são duas coisas distintas. Vejo muitos maridos dizerem que suas esposas TÊM que obedecê-los! Mas ao dizer que as esposas devem ser submissas, Deus não estava instituindo o autoritarismo no lar. Vale ainda lembrar que Jesus declarou que “aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lc.12:48).
Os homens precisam se lembrar de que em matéria de responsabilidade do lar, terão que responder a Deus numa medida maior que as mulheres. Mas não é preciso que o homem carregue o peso desta responsabilidade sozinho.
É importante que o casal dialogue e tome decisões juntos. Desde que casamos, minha esposa e eu sabemos quem é o cabeça do lar, mas foram muitas raras as vezes em que tomei uma decisão por mim mesmo.
Sempre conversamos e discutimos sobre nossas decisões. As vezes já estamos de acordo no início da conversa, e às vezes precisamos de muita conversa para amadurecer bem o que estamos discutindo. Mas sabemos a bênção de caminhar em acordo e cultivamos isto entre nós.
Entendo que se a mulher é chamada de “auxiliadora” na Bíblia, é porque o homem precisa de sua ajuda. E a ajuda da mulher não está limitada à atividades domésticas.
A Bíblia fala com esta figura, que deve haver uma relação de companheirismo. Creio que como auxiliadora, a mulher deve ajudar a tomar decisões.
Este é um processo que exige ajuste. Na hora de discutir alguma decisão, ou mesmo a forma de ser e se comportar de cada cônjuge, vemos o quanto é difícil ouvir ao outro. Mas devemos atentar para o ensino bíblico sobre isto: “Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha” (Pv.18:13).
Tiago nos adverte o seguinte:
“Sabeis estas cousas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”. (Tiago 1:19)
A verdade é que normalmente somos prontos para falar e irar-se um contra o outro, mas tardios para dar ouvidos ao que o outro tem a dizer. E isto precisa ser mudado em nós! Para que haja acordo, precisamos aprender a ouvir.

Tratando com desentendimentos

Os desentendimentos ocorrem, mesmo entre os crentes mais dedicados, mas devem ser tratados logo. Lemos que alguém pode se irar e não pecar, pois é uma reação emocional espontânea.
Mas o que cada um faz com o sentimento que teve pode se tornar pecado. Paulo aconselhou os irmãos de Éfeso a que não deixassem o sol se pôr sobre sua ira (Ef.4:26,27). Em outras palavras, que deveria haver acerto, perdão, e que nenhuma pendência ficasse para trás.
Precisamos aprender a tratar com os desentendimentos no lar. Preservar a unidade não significa nunca se desentender, mas saber dar a manutenção devida no relacionamento quando isto ocorrer.
O tempo não apaga as ofensas. Deve haver reconciliação. Jesus ensinou isto:
“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mateus 5:23,24)
Alguns acham que depois de um desentendimento é só deixar “para lá”. Mas a Bíblia nos ensina o princípio de reconciliação de maneira bem formal. Deve haver pedido de desculpas, de perdão.
Deve se conversar sobre o que aconteceu (o quê machucou o íntimo de cada um e porquê machucou). E não podemos perder de vista que devemos lutar para viver sem brigas, e não só reconciliar quando elas ocorrem (Ef.4:31).
Acredito, ainda, que atenção especial deve ser dada à forma de falar. Talvez esta seja uma das áreas que mais sensíveis sejam nos desentendimentos que surgem no relacionamento, uma vez que a “comunicação” no lar não é só o que um fala, mas também a forma que o outro entende!
As conversas não devem ser exaltadas ou em tom de briga. E quando um dos cônjuges se perde numa explosão emocional, é importante notar que a Bíblia não nos ensina a “jogar o mesmo jogo”. O que lemos nas Escrituras é justamente o contrário:
“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” (Provérbios 15:1)
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.” (Colossenses 4:6)
Os maridos devem ter cuidado redobrado, pois por natureza são mais racionais do que emocionais e suas palavras tendem a ser mais duras e grosseiras. Por isto a Bíblia nos adverte:
“Maridos, amai a vossas esposas, e não as trateis com aspereza.” (Colossenses 3:19)
“Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações.” (I Pedro 3:7)
Embora seja verdadeiro e aplicável aqui o ditado de que “é melhor prevenir do que remediar”, precisamos reconhecer que muitas vezes falhamos permitindo desentendimentos que poderiam facilmente ser evitados. Neste caso, devemos aprender a consertar e tratar com estas situações.
Mas não podemos esquecer também que mesmo havendo perdão e reconciliação depois do erro, quando ele se repete muito vai gerando desgaste e descrédito, e isto exige uma dimensão de restauração maior depois.
As intrigas no lar roubam o prazer de outras conquistas, como escreveu Salomão, pela inspiração do Espírito Santo:
“Melhor é um prato de hortaliça, onde há amor, do que o boi cevado e com ele o ódio.” (Provérbios 15:17)
“Melhor é um bocado seco, e tranqüilidade, do que a casa farta de carnes, e contenda.” (Provérbios 17:1)
“Melhor é morar no canto do eirado do que junto com a mulher rixosa na mesma casa.” (Provérbios 21:9)
Há casais que alcançaram tudo o que queriam financeiramente, mas não conseguem viver bem juntos. Eles, melhor do que ninguém, podem afirmar quão verdadeiras são estas declarações bíblicas. Não adianta ter outras realizações e deixar o relacionamento conjugal se perder.
Como alguém declarou: “Nenhum sucesso compensa o fracasso do lar”. Precisamos aprender a cultivar a unidade em nosso relacionamento. E isto acontece quando aprendemos a lidar de forma simples e prática nas questões do dia-a-dia. Que o Senhor nos ajude!
Luciano P. Subirá
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