sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Vencendo as crises antes do divórcio

Alguém disse que: “o Casamento é uma fortaleza sitiada, cercada, quem está fora quem entrar, quem está dentro quer sair”. Este tem sido o versículo mais usado nos nossos convites de casamento, muitos dos quais já terminaram num Cartório. Um amor à prova de vendavais precisa de maturidade. Inspirado no amor de Deus será um amor forte, aceso e tão rico que ninguém pode comprá-lo.


Parece que nos envolvemos demais com o romantismo dos contos de fada e desprezamos o amor bíblico e maduro que fortalece os relacionamentos. Os casais precisam redescobrir este livro.


Precisamos com urgência de um programa de apoio às famílias que discuta a fundo as questões diárias que nos levam a essas crises e com coragem tratarmos da saúde conjugal afetada.


I – ESTEJAMOS ATENTOS A ALGUMAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS


Sem vigilância mútua nosso casamento se expõe. Essa vigilância implica em avalia-ções freqüentes. Quando nos avaliamos, de algum modo corremos o risco dessa liberdade, mais vale a pena. Alguns mitos precisam ser banidos no começo da vida conjugal:


1 – Nenhum casamento vem pronto e acabado – A felicidade do casamento é artesanal e requer paciência. Durante o noivado traçamos o projeto. Agora temos a vida inteira para a construção e reformo ou aprimorar o acabamento. O amor deverá ser vivenciado pela renúncia, diálogo aberto e liberdade de expressão.


2 – Qualquer casamento está potencialmente sujeito à separação – Somos pecadores, falíveis e o Evangelho não nos isenta de tribulação. Mas alguns preferem ser ufanistas cegos que pensam que serão felizes por causa da sua fé apenas piedosa. Outros influenciados pelo pessimismo que se abate sobre as famílias desistiram na primeira dificuldade. Em ambos os casos, tem resultado uma vivência amarga, porque as fraquezas não foram tratadas com amor.


3 – Nem todos estão preparados para encarar as diferenças individuais – Nosso risco começa no noivado. Nós sabemos da diferença mas disfarçamos por causa da conquista. Não discutimos e até nem “brigamos” por essas questões e “despachamos a bagagem” para dentro do casamento. Ser diferente é simplesmente normal. No aconselhamento pré-nupcial sempre en-contramos noivos que me dizem que são “almas gêmeas”, e isso não raro, resulta em choque futuro. O segredo, para mim, consiste em tirar bom proveito dessas diferenças em função da unidade. Este é um dos grande segredos da vida conjugal.


4 – Muitas vezes os grupos de apoio são também grupos de pressão – Muitos dos casamentos que já acabados resultaram da pressão de pais, familiares, sociedade e mesmo a igreja. Mas nem sempre nós estamos convicto do que queremos. O mesmo grupo que escolhe para nós um casamento poderá nos cobrar depois o nosso fracasso. A Igreja precisa incentivar o poder in-dividual de decisão e apoiar.


II – PRECISAMOS DE SABEDORIA PARA VENCER AS CRISES


Encarar a crise como normal e que precisa ver vencida com amor é preciso identificar o ponto trazido ao casamento ou adquirido na trama doméstica da inter-relação. Falaremos de crises mas na verdade queremos falar de níveis de relacionamento. A crise vem da não compreen-são de um bom relacionamento


1 – Crise de mando e de poder – Os três Poderes em nossa casa - Talvez uma das sérias. Geralmente não resolvida no noivado vai tomando força e prejudicando a boa relação conjugal. O autoritarismo e a subserviência são dois pontos fracos. Na maioria das vezes o autoritário é machista e freqüentemente desfaçado de conteúdo bíblico. Se Deus for mesmo o Senhor da nossa família e aprendermos o que Deus ensinou ao primeiro casal sabe-remos administrar harmonicamente a nossa família.


2 – Crise de economia e finanças – o dinheiro desponde por tudo - Esta crise está intimamente ligada a de mando e poder. Se Deus for o Senhor da casa e a nossa visão de mordomia for bíblica, ninguém será sócio majoritário. Primeiro o Reino de Deus, segundo o casal harmonicamente, com sabedoria, incluindo os filhos discutirão juntos as suas decisões.


3 – Crise sócio-familiar – os demais da família - Quando dois se casam, um leque de fraternidade ou de intrigas podem estar se abrindo. O casal precisa dar espaço aos demais familiares até o limite e não interferir em qualquer decisão a ser tomada pelos dois. Muitos pais falham porque continuam a dirigir seus filhos por “controle remoto”.


4 – Crise de criatividade, falta humor e relaxamento no lazer – Em geral os noivos procuram ser criativos, cheios de bom humor e promovem seu lazer. Quando se casam, em nome de muita ocupação, ganhar mais dinheiro ou muitos cursos, enterram esta chance de vida ao casamento. Saber “quebrar o gelo” e dar um novo toque de alegria a relação conjugal é para muitos a porta da saída da crise.


5 – Crise afetivo-sexual – o que a falta de carinho pode fazer - Muitos casais se queixam sempre da famosa diferença entre ser noivo e ser casado. É como se tivessem sido enganados. Muitas promessas não cumpridas. E no afeto a crise é grande. Quando abandonamos os pequenos gestos começamos a “matar” o afeto do outro por nós. Cada um deve Ter liberdade de se expressar livremente e o outro de entender o seu gesto. As outras crises atingem a esta e quando não temos mais motivo para estarmos juntinhos e aquecidos, em qualquer idade, entramos numa área de risco e não raro tem sido aqui a porta da infelicidade. Este tratamento não tem contra-indicação, serve em qualquer idade.


6 – Crise da fé bíblica – Espiritualidade - Na verdade, a resposta à todas essas crises está na Palavra de Deus. Muitas vezes para convencer a família, igreja e pastor dizemos que estamos “no plano de Deus”, mas é o cultivo diário da Bíblia, oração em família, testemunho da palavra que manterão a família em pé. Sem espiritualismo falso.


CONCLUSÃO


Jamais minimize a crise nem a superestime. Juntos em oração, renúncia e franco diálogo, muitas crises serão vencidas. É preciso incrementar o aconselhamento bíblico da família nas igrejas e grupos de casais de mútua ajuda e que sejam confidentes.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Quem você reflete no lar?

Numa parede perto da entrada principal de um lugar histórico em San Antônio, Texas, Estados Unidos, tem uma fotografia com a seguinte legenda: “James Butler Bonham – não existe foto dele. Essa foto é de seu sobrinho, Major James Bonham, falecido, que se parecia muito com seu tio. A família colocou a foto dele aqui para que as pessoas pudessem ver a aparência de um homem que morreu pela liberdade”.

Também não existe nenhuma foto de Jesus. O jeito como ele é conhecido é por meio das pessoas que O seguem. E, não há lugar mais apropriado para demonstrar essa semelhança, e onde seja tão necessária, quanto no casamento.

O problema é que aqueles que acreditam em Deus entram no casamento sem fazer uso dos recursos e ferramentas que Ele coloca à disposição para construir a unidade em seus lares.

É como se fosse um homem que economizou cuidadosamente e fielmente o seu dinheiro por muito tempo, e finalmente foi capaz de fazer uma viagem num grande transatlântico. Por ter uma vida muito racionada em termos de dinheiro, ele conseguiu juntar dinheiro apenas para comprar a passagem. Por isso, decidiu levar com ele biscoitos salgados e queijo para se alimentar, já que não teria dinheiro para comer nos restaurantes chiques do navio.

Durante muitos dias ele se sentava em sua cabine, vendo os mordomos passando para lá e para cá, empurrando carrinhos cheios de salmão com molho de maracujá, pratos cheios de tilápias fritas, grandes bacias de saladas, frutas e comidas deliciosas. Finalmente, ele não conseguiu mais resistir.

Quando um mordomo passou por ele, o homem saiu de seu quarto, segurou o braço do garçom e disse: “Amigo, estou com muita fome. Eu trabalharei de garçom. Eu faço tudo o que for necessário, eu esfrego o convés, mas eu preciso ter um pouco de comida. Meu queijo e meus biscoitos já estão mofando, e eu preciso ter algo decente para comer”.

O garçom olhou para ele de maneira estranha, e depois de um tempo sorriu, e disse: “O senhor não sabe? Sua comida está incluída no preço da passagem!”

Muitos cristãos vivem como o passageiro daquele navio. Eles ficam comendo biscoitos salgados e queijos quando poderiam estar se banqueteando com a melhor comida. Jesus claramente disse que Ele veio para que pudéssemos viver mais abundamente. Se eu e vocês não estamos vivenciando essa abundância em nossa vida, algo está errado, não com o Senhor ou com Suas promessas, mas conosco. Seu casamento, desde o começo, precisa ter a preocupação de como vocês terão o crescimento espiritual. A intimidade espiritual do casal será a porta de entrada para uma qualidade de vida que nada mais nesse mundo pode oferecer.

O casamento foi criado por Deus, por isso o casamento não é simplesmente uma relação entre duas pessoas, mas entre três – o marido, a esposa e Deus. Se vocês falharem em crescer nesses aspectos, podem ter certeza de que seu casamento não vai adquirir o nível de intimidade e unidade que Deus planejou.

Então, como experimentar esse novo nível de intimidade? O que é necessário fazer para que haja crescimento espiritual?

Comecem refletindo sobre algo: Se Jesus Cristo vivesse a Sua vida nesse exato momento, será que ela seria diferente em algum aspecto? Se Ele fizesse o que você faz, tratasse sua esposa como você a trata, haveria muita diferença?

Por serem cristãos, você e seu cônjuge precisam lembrar que Jesus Cristo é o primeiro de suas vidas, e por isso deve ter prioridade em todas as decisões, escolhas, e atitudes do casal. Além disso, vocês são chamados para representarem a Deus em tudo o que fazem.

Como diz Efésios 5:1, na Versão da Bíblia na Linguagem de Hoje, “vocês são filhos queridos de Deus e por isso devem ser como Ele”. Devemos ser imitadores de Deus. Agir em nosso lar como Jesus agiria se aqui vivesse. Devemos ser, tal qual a história que lemos no começo, a fotografia de Jesus para que outros vejam, principalmente nosso cônjuge.

Então, como podemos fazer isso? Apresentaremos três maneiras nessa palestra, que são: ter a mesma dependência que Jesus teve de Deus, ter o mesmo espírito amor altruísta e ter a mesma disponibilidade para perdoar.

A MESMA DEPENDÊNCIA DE DEUS

Deus é nossa única Fonte de amor, vida e alegria. Somente quando vivemos em íntimo contato com Ele que podemos usufruir essas bênçãos. No entanto, por causa do pecado, e da nossa rebelião, cada um de nós parece querer substituí-lo por outras coisas. E essas coisas nunca preenchem o vazio que temos em nosso coração.

Para voltar a viver no plano de Deus, precisamos seguir o que o próprio Jesus Cristo apresentou como sendo o mais importante: amar a Deus acima de todas as coisas (Luc. 10:27). Isso significa que Ele – não seu cônjuge ou alguma outra coisa, se torna sua Fonte de alegria e amor. Você entende o amor que vem de seu cônjuge como resultante do amor de Deus por você. Isso liberta seu cônjuge da responsabilidade de realizar todas as suas expectativas, de cuidar de suas emoções e de evitar ações que o/a deixe magoado.

Isso significa que Deus vai substituir o seu cônjuge? Não mesmo! Ao invés disso, permitir a Deus agir como Deus capacita você a se conectar mais profundamente com seu cônjuge. O relacionamento familiar deve ocorrer no contexto de vidas cheias do Espírito Santo.

O apóstolo Paulo escreve no texto de Efésios 5:18: Não se embriaguem, [...] mas encham-se do Espírito. Mas, por que Paulo colocaria embriagar-se em oposição a ser cheio do Espírito? Porque ele queria ajudar seus leitores a entenderem o que significa ser cheio. Quando as pessoas se embriagam, elas ficam controladas pelo álcool. O mesmo acontece quanto ao Espírito. Ser cheio do Espírito significa que Ele controla você.

E, os resultados de ser cheio do Espírito incluem santidade e alegria. Paulo descreve isso em Efésios 5:19-20, dizendo: falando entre vós com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor no coração, e sempre dando graças por tudo o que Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, o casamento vai continuar a ter a mesma empolgação de se início.

Além disso, ser cheio do Espírito acompanha o companheirismo com Cristo. Implica em buscar sempre a Deus, e não apenas quando o casal enfrenta momentos de crise ou emergência. Ele merece ser o primeiro e mais importante em Seu casamento. É preciso ter certeza de que Ele está pessoalmente interessado nos fatos de sua vida. Só que Ele não vai se impor a você ou aos seus familiares. Ele é um perfeito cavalheiro, aguardando ser convidado a entrar em suas vidas.

Deixar Deus dirigir a vida é ter a certeza de que Ele é real para seu casamento, que Ele vai orientá-los nas decisões da vida, e confortá-los quando necessário. Além disso, vocês sentirão Seu espírito a envolvê-los.

E, à medida que o casal se aproxima mais de Deus em oração, mais se aproximará um do outro. Uma vida significativa que é partilhada é resultado de uma oração partilhada entre indivíduos que experimentam uma união profunda com Deus.

Nossa vida espiritual afeta diretamente nosso casamento e nossa família. É a nossa falta de andarmos diariamente no Espírito que é a verdadeira raiz de nossa infelicidade no casamento.

O MESMO ESPÍRITO DE AMOR ALTRUÍSTA

Outro aspecto envolvido nesse tipo de dependência de Deus é o que trata de amar e servir como Ele o fez. O casamento é um compromisso que dura a vida inteira, e no qual homem e mulher abrem mão de todas as outras pessoas e se dedicam apenas a uma. Isso exige muito amor. Isso significa até mesmo abrir mão de interesses pessoais ou mesmo de objetivos pessoais muito desejados, mas que entrem em conflito com a realidade conjugal. Isso implica em um amor altruísta.

Nesse contexto, na vida conjugal, altruísmo é a atitude madura e amorosa de colocar os interesses do cônjuge em primeiro lugar. E é motivado pelo amor e por um senso grande de serviço. Ele não inclui recompensa ou ficar contando quantas vezes já agiu daquele jeito. Estamos falando de uma atitude de sacrifício pessoal, não de negociação de favores, o que pode se tornar uma manipulação para conseguir o que se deseja.

É importante deixar claro que viver de maneira altruísta em seu casamento não significa que sua própria vida deve ser rejeitada. Mas quer dizer apensa que todas as decisões e ações que você tiver que enfrentar, é necessária cuidadosa consideração sobre o impacto delas na vida de seu cônjuge. A fim de fazer isso, você precisa desenvolver uma excelente comunicação com seu cônjuge.

O altruísmo causa maior impacto quando é visto nas pequenas coisas do dia a dia, em virtude de sua freqüência. Coisas como dar o último pedaço de bolo para o cônjuge, lavar o carro do cônjuge quando percebe que ele/ela está sem tempo para fazer isso, lavar as roupas ou limpar a cozinha quando seu cônjuge que normalmente faz a tarefa não estiver se sentindo bem, etc, são maneiras pelas quais você pode demonstrar em pequenas coisas, a importância que a outra pessoa tem para você.

Além disso, altruísmo vai além do que lidar com coisas materiais. Um cônjuge altruísta também será generoso dando de seu tempo, e terá uma mente aberta para fazer as coisas que seu cônjuge gostaria que fizessem juntos.

Devemos nos lembrar que Jesus nos convida a colocar as necessidades dos outros como prioridade. Podemos aprofundar nosso compromisso no casamento ou mesmo mudar a dinâmica de comunicação e resolução de conflitos no casamento por meio do amor incondicional. Amar dessa maneira pode transformar não apenas o cônjuges mas principalmente a nós mesmos.

Se ambos estão comprometidos a agir de maneira altruísta no casamento, nenhum dos dois vai se sentir enganado. Cada um sabe que a outra pessoa, por meio de sua atitude e ações, está genuinamente preocupado com as suas necessidades e desejos. Agora, o problema está quando apenas um cônjuge está aplicando esses princípios ao casamento. Se for assim, a vida altruísta pode ser muito difícil no começo – alguém pode mesmo se sentir um capacho. Contudo, ser consistente em agir com altruísmo, e combinar isso com uma melhoria da comunicação, pode transformar a vida de seu cônjuge.

O modelo maior para amarmos dessa maneira, é lembrarmos como somos amados por Jesus – que nos ama sem contar o que Ele vai ganhar com isso. “Amai uns aos outros como Eu vos amei”. Devemos ter como base o amor que Jesus tem por nós. Um amor sem limite. Assim é que devemos amar nosso cônjuge que é brigão e grita com você. Ao invés de pagar com a mesma moeda, pode perguntar a nós mesmos: “O que minha esposa está precisando nesse momento?” Altruísmo aqui não diz respeito a abrir mão da dignidade ou se entregar para um abusador. É amar alguém que não esteja motivando a outra pessoa a amá-la naquele momento.

Amar como Cristo amou significa morrer para nossas próprias necessidades e nossos próprios desejos para poder encontrar uma nova vida em Jesus. Pensando mais profundamente, podemos entender que Deus nos chama para uma tarefa muito simples: cuidar das outras pessoas antes de cuidar de nós mesmos. Que tipo de pessoas seríamos se obtivéssemos tudo o que desejamos? Se nunca precisássemos nos preocupar com nada a não ser nossas próprias preocupações e desejos? Jesus nos pergunta: qual é a vantagem de obter tudo o que queremos, mas no processo perdermos a nós mesmos?

A MESMA FACILIDADE PARA PERDOAR

E, quanto ao perdão? Quais são as regras que se aplicam a essa prática? O que realmente significa perdão?

Estudando a idéia de perdão no contexto bíblico, entendemos que ele tem duas faces. A primeira, que diz respeito a “cancelar o débito, perdoar ou remir o culpado”. Esse é o sentido pelo qual todos sempre entendemos o perdão, como o entendemos. Mas, há uma segunda definição de perdão, que é abrir mão do ressentimento contra a pessoa que nos ofendeu. Isso é muito mais difícil de entender. Até somos capazes de cancelar a dívida, mas como podemos nos livrar do sentimento?

Primeiramente, precisamos entender os problemas resultantes de não nos liberarmos desse sentimento. Quando somos ofendidos de alguma forma, e mesmo que ofereçamos perdão, ainda cultivamos em nós mesmos o sentimento de querer ver a outra pessoa passar por algum tipo de castigo por ter agido daquele jeito conosco. E, dependendo dos fatores, esse sentimento pode se tornar num ressentimento ainda mais profundo. Só que, manter esse sentimento não nos serve para nada. Pode ser comparado a tomar um vidro de veneno esperando que a outra pessoa morra. Não leva a nada, e ainda assim nos deixa piores. Se não nos livrarmos do sentimento, poderemos até mesmo ter os sintomas físicos e ficarmos doentes. Praticar o segundo aspecto do perdão nos mantém saudáveis e equilibrados, e nos ajuda a manter a paz mesmo em meio à tempestade.

Mas, como obter isso? Uma das grandes dificuldades dos conselheiros matrimoniais frequentemente enfrentam é ajudar marido e esposa a encontrarem uma saída para seus ódios e ressentimentos que se acumularam com o passar dos anos. A solução quase sempre está em arrependerem-se e perdoarem um ao outro. Ressentimento e ódio levam a ações que causam ainda mais sofrimento.

O grande fator motivador dessa atitude deve ser o fato do que Deus faz por nós. Como é dito na passagem de Salmos 103:8-12, O Senhor é compassivo e misericordioso; demora a irar-se e é grande em amor. Não acusará perpetuamente, nem conservará Sua ira para sempre. Não nos trata de acordo com nossos pecados, nem nos retribui segundo nossas transgressões. Pois Seu amor para com os que o temem é grande, tanto quanto o céu se eleva acima da terra. Como o Oriente se distancia do Ocidente, assim Ele afasta de nós nossas transgressões. Deus escolhe não nos tratar como merecemos. Ele escolhe até mesmo se esquecer do mal, e não nos acusar. Ele baseia as ações em Seu amor e em Sua misericórdia.

Ainda assim devemos nos lembrar de que mesmo quando nos arrependemos e somos perdoados, ainda teremos de enfrentar as conseqüências dos atos errados que tomamos. E até, em algumas ocasiões, perdoar no sentido de cancelar a dívida não estará sob nossa responsabilidade, especialmente se o ofensor não procurar nosso perdão.

Ainda assim, Deus nos apresenta o caminho que devemos tomar: o processo de reconciliação. Porque Deus tem nos perdoado, e continua nos perdoando sempre que erramos, Ele pede que Seus filhos se reconciliem uns com os outros. Seja porque nós fomos a parte que ofendeu, ou mesmo se formos a parte ofendida, tanto Mateus 5:23-24 ou 18:15 nos dizem que somos responsáveis de buscar reconciliação. Isso mesmo, não importa quem iniciou o problema, somos responsáveis por tentar esclarecer e encerrar a discussão. Por isso, quando você ou seu cônjuge se desentenderem, você é responsável por dar o primeiro passo em busca da reconciliação. Assim fazendo, talvez a pessoa não seja completamente transformada, ou não entenda completamente o que está acontecendo, mas com certeza você experimentará a paz de Deus, que inundará o seu coração.

CONCLUSÃO

Mas, será que isso é realmente possível de colocar em prática? Será que poderemos ser vitoriosos com tudo isso? Num artigo em um jornal cristão chamado Jornal do Discipulado, contou-se a história de uma mulher que foi a uma clínica para emagrecimento para perder peso. O diretor da clínica lhe deu um espelho de corpo inteiro. Nele, ele desenhou um corpo humano, e disse: “É assim que quero que você esteja quando terminar a sua estada aqui”. O que se seguiu foram dias de intenso exercício e muita restrição alimentar, e a cada semana a mulher se colocava na frente do espelho, mas se sentindo desencorajada porque seus contornos ainda se sobressaíam à imagem no espelho, e assim ela não se encaixava no ideal proposto pelo diretor. Mas ela não desistiu, e finalmente chegou o dia em que ela se encaixou perfeitamente na imagem tão desejada.

Ser como Jesus, refletir a Sua imagem em nossa vida pode parecer uma tarefa muito árdua e difícil. Pode ser que até já tenhamos tentado isso, mas sem sucesso. Pode ser que tenhamos os melhores desejos e vontades, e façamos os melhores planos, mas estamos em débito quanto à realização dos mesmos. Se esse é o seu caso, quero lhe lembrar que o Seu casamento refletirá o amor de Deus se você O permitir encher, controlar e capacitar você a viver a vida em seu lar. Não perca a ligação com Ele, e todo lhe será acrescentado.

Que Deus abençoe sua família

Osmar Reis Junior

Psicólogo do CEAFA